terça-feira, 9 de abril de 2013

Tornei-me gelo


Tornei-me gelo
 

Cheguei finalmente o extremo da minha decadência
Matei a mim mesmo de vez
Tudo aquilo que eu tinha perdeu a essência
Acreditar em tudo nem diferença fez.

Sem mais sentimentos pra oferecer
Está tudo por ai quebrado ou jogado
Talvez em lábios rachados ou olhos que não podem ver
O homem apaixonado foi velado e enterrado.

Mais uma voz silenciada
A estrela mais gasta que dissertou
O tempo para acreditar não é nada
E no fim tudo que sobra é dor.

Que cantem canções fúnebres no meu leito
Para que lembrem as coisas que fiz
Mesmo que seja a melodia dos tolos e rotos
Pois nem eu mesmo irei chorar por mim...

Pedro Silva

Mistérios


Mistérios

Escuto a noite rugir
Em seu silencio profundo e secreto
Vozes de vento levadas por ai
Debaixo de um céu negro sem estrelas e deserto.

Passos solitários em ruas amarguradas
Sons de lamentos e risos forçados
Almas de feridas abertas ou costuradas
Velhos dormindo em calçadas, abandonados.

E os sonhos se tornam frios
Um choro de criança num peito adulto
As corujas espreitam cada lágrima do rio
Esquecer o que sinto dói e dói muito.

Calada a morte caminha
Bate em portas e vira esquinas
Carrega a vil vida que era minha
Tira seu véu de mistérios e vejo que era sina.

Pedro Silva