Amante noturno
Meu coração é negro e frio
Palpita na neblina densa
Pingando distraidamente num rio
Sou noite pálida e intensa.
No calor de braços sombrios me deito
Viajo pelo céu manchado de quizos
Eu, estrela malfeita de qualquer jeito
Não achei rima pra isso.
Queria ser vento
Beijar o infinito
No abismo do meu peito sento
E a lua me chamando sinto.
Caindo em silencio
Uma chuva leve e discreta
Na veia gotas de arsênio
A noite é uma cova aberta.