quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Amante noturno


Amante noturno

Meu coração é negro e frio
Palpita na neblina densa
Pingando distraidamente num rio
Sou noite pálida e intensa.

No calor de braços sombrios me deito
Viajo pelo céu manchado de quizos
Eu, estrela malfeita de qualquer jeito
Não achei rima pra isso.

Queria ser vento
Beijar o infinito
No abismo do meu peito sento
E a lua me chamando sinto.

Caindo em silencio
Uma chuva leve e discreta
Na veia gotas de arsênio
A noite é uma cova aberta.

Cova funda


Cova funda

Algo está incompleto aqui dentro
Não consigo acalmar esse peito frívolo
Por mais que eu busque não encontro
Estou tão seco quanto um tumulo.

Já disse adeus a mim mesmo tantas vezes
E sempre tal qual estou
Com o passar das horas e dos meses
De tudo que desertei nada mudou.

Com o amor aprendi a construir muros
Defesas para suportar os estigmas
Mas ele em mim sempre deixou furos
E plantou aqui dentro um imã.

Cedo como uma puta
De joelhos lamento, vontade muda
O que sobrou de tanta luta
Minha cova ficando mais funda...

By: Edilson

domingo, 19 de agosto de 2012

Lágrimas de radiação


Lágrimas de radiação

Uma criança levanta os olhos para o céu
Diante dos seus olhos um pássaro de ferro
E assim de repente como um vél
Um estrondo num grito,tudo de volta ao pó e ao zero!

Uma cortina de dor varreu sonhos
Apagou olhos inocentes e deixou marcas
No seio de mães traços estranhos
Vinda do alto a morte em duas arcas.

Ficou na história esquecido
Até onde o homem pode ir em nome da guerra
Na lembrança e na pele ainda está pra sempre ferido
Orvários esterios que a dor gera.

Rosa seca e caída
Cálidos e tortuosos rostos de rendenção
Um dia marcado e na alma sentida
Um velho ergue os olhos para o céu e derrama lágrimas de radiação...

By:Edilson

Verso de sangue


Verso de sangue

Bebi toda garrafa de vinho
Estou embriagado na mesa
Com meus pensamentos tristes,sozinho
Minhas canetas,as folhas e uma vela acessa.

Risquei a pele com os dedos
Derrubei a taça ainda cheia
O piso manchado de vermelho e segredos
Que cai aos poucos da veia.

Tento me erguer desajeitadamente tropêgo
Sujo as paredes com minha loucura
Caio no sofá já sem folêgo
E vejo a sala aos poucos tornando-se escura.

Nessa folha deixei escrito
Talvez o último poema meu
Meu verso de sangue vivo,meu grito
Minha forma de sussurrar:ADEUS!

By:Edilson

A janela no meu peito


A janela no meu peito

Houve um tempo em que tudo era mais leve
Respirar era como um sorriso solto
Até o inverno parecia ter neve
E navegavamos em barcos sem porto.
                     
A vida nada pedia de mim
Os dias eram certos e concretos
Às vezes eu pensanva em fugir
Mas os pensamentos nunca foram incertos.

Deviam nos avisar que o mundo não é justo
As lágrimas de outrora não deixavam feridas
Todas as cicatrizes foram a muito custo
Ainda queimam e são sentidas.

Sinto como se tivessem me roubado algo
E sei que nunca vou ser como antes
O tempo não curou e deixou estrago
Todas as quedas não foram o bastante.

By:Edilson

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Sobre a noite


Sobre a noite

Confesso meus tantos pecados
De joelhos,servo devotado
Sob a lápide de pagãos sepultados
Os olhos para o alto voltados.

O vento uiva nas árvores
Pássaros negros em volta
Pálidos corpos dizem,não chores
Anjos fúnebres de alma morta.

Folhas secas ao redor dos túmulos
Rostos de pedra lascada me olham tristes
Ao longe silhuetas,meros vultos
Tu finges que não me viste.

Chegou a hora,os sinos chamam
Tão alto como um grito de açoite
Eu e os condenados clamam
Amantes perdidos na noite...

By:Edilson

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Senhor da dor


Senhor da dor

Eu filho do pó
Da escuridão feito e nascido
Galgando na noite só
Feito de poeira incerta,erguido!

Cálidos calos herdei
Deram-me as cinzas de um pecado
Para não errar mais uma vez
Mas carrego-o nas veias lacrado.

Sou filho do nada
Anjo torto e sem asas
Deram-me a alma mais triste e calada
E equilibro-me sob brasas.

Trago rugas de um velho
Agora crescido,já gasto
Mesmo buscando todos os atalhos
Tenho de sofrimento o peito vasto.

By:Edilson